Por que a Igreja só canoniza como mártires os que não se defenderam? Porque aquele que se defende e resiste, pode fazê-lo por amor à Fé, mas pode também fazê-lo pelo sentimento natural de conservação da própria vida. Este último sentimento, embora legítimo, não caracteriza o martírio. Ora, como a Igreja não tem meios de conhecer os sentimentos interiores da alma do católico que morreu se defendendo, ela não pode canonizá-lo. Ao passo que, aquele que poderia ter salvo sua vida renunciando à sua Fé ou defendendo-se, e não o fez, dá uma prova evidente de que era movido por amor à Fé. Os primeiros cristãos, embora perseguidos por causa de sua fé, ou de suas virtudes, não tramavam uma revolta coletiva, uma revolução, para derrubar as autoridades pagãs. Eles procuravam conquistar o Império para a Fé, através das orações, da pregação, mas sobretudo dando o testemunho do martírio.
Nota-se que houve uma moção do Espírito Santo para que, em conjunto, eles agissem assim. Foi diferente, por exemplo, no tempo das Cruzadas, em que o sopro do Espírito Santo movia os cruzados à luta. Não foi por meios violentos que Deus quis implantar a semente inicial do Cristianismo. |
Mas pela oração e pregação coroadas pelo testemunho de tal quantidade de mártires, quis mostrar a incomparável superioridade da Religião de Cristo, que forjava homens, mulheres e crianças da têmpera daqueles que passavam por tormentos atrozes e empenhavam a vida por amor a Deus, dando heróico testemunho de Cristo.
Cristeros de México Os chamados Cristeros no México, durante a perseguição anticlerical dos anos 20, não se portaram passivamente. Pelo contrário, eles se levantaram em armas em defesa da Religião e chegaram a derrotar o governo ditatorial anticlerical. Mas foram obrigados a abandonar as armas e perder os frutos de sua vitória porque foram, por razões um tanto nebulosas, obrigados pelas autoridades eclesiásticas da época a entregarem as armas e abandonar a luta. Quando, entretanto, eles eram aprisionados e condenados à morte, aceitavam-na voluntariamente, morrendo então como mártires, dando provas de um heroísmo semelhante ao dos primeiros cristãos, bradando “Viva Cristo Rei!”.
Os chamados Cristeros no México, durante a perseguição anticlerical dos anos 20, não se portaram passivamente. Pelo contrário, eles se levantaram em armas em defesa da Religião e chegaram a derrotar o governo ditatorial anticlerical. |
Mas foram obrigados a
abandonar as armas e perder os frutos de sua vitória porque foram, por razões
um tanto nebulosas, obrigados pelas autoridades eclesiásticas da época a
entregarem as armas e abandonar a luta. Quando, entretanto, eles eram
aprisionados e condenados à morte, aceitavam-na voluntariamente, morrendo então
como mártires, dando provas de um heroísmo semelhante ao dos primeiros
cristãos, bradando “Viva Cristo Rei!”.
Não se pode, outrossim, dizer que os que morrem de armas na mão, em defesa da Igreja ou da Civilização Cristã, sejam necessariamente menos santos do que os mártires. Aqueles que, ao entrarem na luta, o fazem seriamente movidos por amor de Deus, têm as mesmas disposições do mártir de dar sua vida pela Igreja. Se assim morrerem, Santo Tomás de Aquino os considera Mártires (Suma Teológica, 2.2, q. 124, a. 5 ad 3), embora não possam ser canonizados como tais.
O que importa não é o modo como se morre, mas as disposições internas de uma entrega total, inclusive da vida, para a glória de Deus, em defesa da Igreja, da verdadeira Fé ou da Virtude Cristã.
Revolução Francesa
Durante a Revolução Francesa, os católicos do Oeste da França se levantaram em armas em defesa do Rei e do Altar e formaram o Exército Real e Católico. Inúmeros deles viveram e morreram santamente, como Catelinau, chamado de o Anjo do Poitou, o Marquês de Lescure, o Conde Henri de La Rochejaquelain, e milhares de camponeses que traziam o terço ao pescoço e o símbolo do Sagrado Coração de Jesus no peito.
Uma coisa é oferecer a vida pela Igreja e pela Fé. Outra coisa é esse oferecimento ser caracterizado e reconhecido canonicamente como martírio. Para que essa morte seja caracterizada canonicamente como martírio é preciso que não tenha havido resistência por parte do mártir e a morte lhe tenha sido infligida por ódio à Fé. Assim, por exemplo, Garcia Moreno, o grande Chefe de Estado equatoriano do século passado, morreu in ódio fidei, em ódio à fé que ele defendia tão destemidamente. Mas, ele reagiu ao seu agressor — no que ele tinha pleno direito — e por isso não pôde ser considerado mártir, embora talvez, até provavelmente, tenha sido santo. Se for canonizado um dia, não o será como mártir, mas sim como confessor da fé. A auréola do martírio não nimbará sua fronte, mas poderá ser elevado à glória dos altares.
Não se pode, outrossim, dizer que os que morrem de armas na mão, em defesa da Igreja ou da Civilização Cristã, sejam necessariamente menos santos do que os mártires. Aqueles que, ao entrarem na luta, o fazem seriamente movidos por amor de Deus, têm as mesmas disposições do mártir de dar sua vida pela Igreja. Se assim morrerem, Santo Tomás de Aquino os considera Mártires (Suma Teológica, 2.2, q. 124, a. 5 ad 3), embora não possam ser canonizados como tais.
O que importa não é o modo como se morre, mas as disposições internas de uma entrega total, inclusive da vida, para a glória de Deus, em defesa da Igreja, da verdadeira Fé ou da Virtude Cristã.
Revolução Francesa
Durante a Revolução Francesa, os católicos do Oeste da França se levantaram em armas em defesa do Rei e do Altar e formaram o Exército Real e Católico. Inúmeros deles viveram e morreram santamente, como Catelinau, chamado de o Anjo do Poitou, o Marquês de Lescure, o Conde Henri de La Rochejaquelain, e milhares de camponeses que traziam o terço ao pescoço e o símbolo do Sagrado Coração de Jesus no peito.
Uma coisa é oferecer a vida pela Igreja e pela Fé. Outra coisa é esse oferecimento ser caracterizado e reconhecido canonicamente como martírio. Para que essa morte seja caracterizada canonicamente como martírio é preciso que não tenha havido resistência por parte do mártir e a morte lhe tenha sido infligida por ódio à Fé. Assim, por exemplo, Garcia Moreno, o grande Chefe de Estado equatoriano do século passado, morreu in ódio fidei, em ódio à fé que ele defendia tão destemidamente. Mas, ele reagiu ao seu agressor — no que ele tinha pleno direito — e por isso não pôde ser considerado mártir, embora talvez, até provavelmente, tenha sido santo. Se for canonizado um dia, não o será como mártir, mas sim como confessor da fé. A auréola do martírio não nimbará sua fronte, mas poderá ser elevado à glória dos altares.